O IASP - Instituto dos Advogados de São Paulo
reuniu grandes personalidades do setor jurídico dias 8 e 9/11, durante o
Fórum do Direito do Desenvolvimento Sustentável. O evento foi
organizado para homenagear o advogado, professor e jurista Arnoldo Wald.
A
palestra “Efeitos da crise mundial – aspectos jurídicos e econômicos”
inaugurou os trabalhos e foi proferida pelo professor Ives Gandra da
Silva Martins. Em quatro painéis foram discutidos ainda assuntos como
arbitragem no Brasil; regulação; a regulamentação do artigo 192 da CF e
os desafios atuais do Direito societário e do mercado de capitais.
Dentre os
debatedores, estiveram presentes o ministro do STJ, Ricardo Villas Bôas
Cueva; a ex-ministra do STF, Ellen Gracie Northfleet; o procurador geral
do BC, Isaac Sidney e o desembargador do TJ/SP, José Reynaldo Peixoto
de Souza.
Na cerimônia em
homenagem a Arnoldo Wald a presidente do IASP, Ivette Senise Ferreira,
qualificou-o como um “homem do mundo” e destacou sua atuação na Europa e
na América Latina. “Em dois continentes, ele tem exercido sua
atividade, sua competência, e demonstrado sua contribuição para o
aperfeiçoamento do Direito e da ordem jurídica”, afirmou. Ivette
Senise discorreu sobre a carreira do homenageado e disse ter sido uma
honra que, embora nascido na Europa e formado profissionalmente no Rio
de Janeiro, Arnoldo Wald tenha escolhido São Paulo para continuar suas
atividades jurídicas.
Universidade de Paris
A presidente do
IASP destacou, ainda, títulos e cargos ocupados por Wald, como doutor em
Direito no Brasil e doutor honoris causa na Universidade de Paris, onde
também se tornou professor. Chegou a membro da Corte Internacional de
Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, vice-presidente da
Comissão de Arbitragem do Comitê Brasileiro da Câmara de Comércio
Internacional, diretor do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros),
conselheiro Federal da OAB e diretor do IASP, entre vários outros
cargos.
Para o ministro
Gilmar Mendes, do STF, Arnoldo Wald tem dado grande contribuição ao
Direito, sendo extremamente atualizado e “antenado” com as mudanças e
inovações jurídicas. Mendes lembrou a participação junto a Wald em
diversos projetos ao longo dos anos, como os ligados à ADIn e à ADC,
hoje tratadas pela lei 9.868/99. Também ressaltou o trabalho que há anos
ambos desenvolvem, como autores-atualizadores da obra clássica “Mandado
de Segurança e Ações Constitucionais”, de Hely Lopes Meirelles. Este
livro, originalmente lançado em 1967, já está na 34ª edição e tem sido
atualizado pelos professores Wald e Gilmar Mendes desde a 14ª edição.
A ministra Eliana
Calmon, vice-presidente do STJ, apresentou um histórico da chegada de
Arnoldo Wald ao Brasil, saído da Bélgica, após a 1ª Guerra Mundial. Ela
destacou que 80 anos atrás o Brasil era um país agrário, dominado por
proprietários de grandes extensões de terras, em que São Paulo era
potência, o Rio de Janeiro “brilhava” como capital federal e os cursos
jurídicos estavam repletos de estudantes. De acordo com Calmon, Wald
aprendeu a ser brasileiro, viveu as diversas Constituições que o país
teve ao longo do século XX, voltou-se para soluções alternativas de
conflitos, escreveu centenas de artigos, numerosas obras jurídicas e
ganhou diversos títulos.
Já a desembargadora
Cristina Santini, representante do presidente do TJ/SP, desembargador
Ivan Sartori, disse ter sido uma honra representá-lo nesse evento que
tratou de desenvolvimento sustentável relacionado à matéria
multidisciplinar — o que, para Santini, é a grande marca da obra de
Arnoldo Wald. Segundo ela, não há mais como pensar no Direito
separadamente de outras disciplinas, como medicina, tecnologia e
administração, pois não se pode mais ter uma visão do Direito isolado da
realidade social.
Por sua vez, o
presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, destacou o trabalho de
Arnoldo Wald nos 25 anos em que foi membro do Conselho Federal da OAB e
suas diversas iniciativas em prol da profissão. De acordo com D’Urso, o
homenageado foi um dos primeiros a frisar a necessidade de
regulamentação das sociedades de advogados; desenvolveu importante
trabalho para que houvesse maior controle sobre as faculdades de
direito, devido à queda no nível do ensino jurídico. D’Urso mencionou
também a atuação de Wald durante a ditadura militar, quando conseguiu a
primeira liminar em um habeas corpus perante o STM; lembrou, ainda, sua
luta pela liberdade de imprensa e em defesa das prerrogativas
profissionais dos advogados.
O presidente do
Cesa, Carlos Roberto Fornes Mateucci, comentou que Arnoldo Wald
conseguiu congregar com muito sucesso as funções de advogado e de
professor, profissões de grande responsabilidade. “Hoje é uma data
muito especial. Traz o verdadeiro espírito do operador do Direito,
aquele que consegue interpretar a letra da lei e enriquecê-la com seus
conhecimentos, e, acima de tudo, consegue separar esses fundamentos,
quando bem exerce a parcialidade jurisdicional”, afirmou.
Ricardo Castilho,
fundador da Escola Paulista de Direito, agradeceu pelo trabalho de
Arnoldo Wald e disse que o jurista “construiu no Direito a própria
dignidade humana, tão discutida no meio jurídico, tão buscada nos mais
diversos documentos”.
Reunido a velhos amigos
Ao final da cerimônia, Arnoldo Wald se declarou sensibilizado. “Fiquei
muito sensibilizado com esta manifestação. Na verdade, muito menos por
ser uma homenagem que as instituições fizeram a mim, mas para toda uma
geração de advogados que militaram profissionalmente e que também
tiveram um certo papel no desenvolvimento cultural do Direito”, afirmou.
Sem esconder a
alegria pelo reconhecimento do seu trabalho, avaliou que o progresso do
sistema jurídico do Brasil registrado em algumas décadas deve-se “em
grande parte aos esforços dos tribunais e às iniciativas de
profissionais, seja colaborando no ensino, em projetos de leis ou pelo
envolvimento em discussões da OAB, IASP e outras entidades”.
Ainda sobre a homenagem, Wald comentou: “Minha
satisfação maior foi a oportunidade de reunir amigos de longo tempo, do
Rio, de Brasília e de São Paulo, com os quais comecei a minha vida,
reconhecendo que o esforço de todos nós não foi inútil e serviu aos
interesses do país e ao desenvolvimento do Direito”. Ressaltou,
assim, sua visão de que o Direito deixou de ser uma matéria estática,
tornando-se cada vez mais dinâmico e necessitando de reciclagens, e que a
nova geração de advogados e juristas está enfrentando tal desafio com
coragem.
Professor Arnoldo Wald
O advogado, árbitro
internacional e professor Arnoldo Wald é sócio fundador do escritório
Wald Associados Advogados, concluiu em 1953 o bacharelado em Direito
pela Faculdade Nacional de Direito, do Rio de Janeiro, onde se tornou
doutor em Direito três anos depois. Professor Catedrático de Direito da
UERJ e Doutor Honoris Causa da Universidade de Paris II (1998), foi
Procurador do Estado do Rio de Janeiro, Procurador-Geral da Justiça do
Estado do Rio de Janeiro, presidente da Comissão de Valores Mobiliários e
membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Considerado
pioneiro e referência na arbitragem brasileira, Wald atua, desde 2003,
como membro da Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio
Internacional, sendo também hoje na entidade sediada em Paris presidente
da Comissão de Arbitragem do Comitê Brasileiro e vice-presidente do
Comitê Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional.
Autor centenas de
livros e artigos nas áreas de arbitragem, direito empresarial, bancário e
administrativo, publicados em português, espanhol, francês, inglês,
italiano e alemão, além de colaborador de centenas de livros jurídicas
coletivas, Wald é um dos autores-atualizadores da obra-prima “Mandado de
Segurança e Ações Constitucionais”, de Hely Lopes Meirelles, que já
está na 34ª edição. Essa obra clássica do Direito, lançada originalmente
em 1967, passou, a partir da 14ª edição, com o falecimento do autor, a
ser atualizada e enriquecida pelo professor Arnoldo Wald e pelo ministro
Gilmar Mendes, do STF.
É um dos juristas
brasileiros mais citados nos processos do STF e um dos advogados mais
procurados para pareceres em questões jurídicas empresariais, nas mais
diversas especialidades do Direito, sobretudo nas áreas de Mercado de
Capitais, Bancário, Financeiro, Administrativo (projetos de
infraestrutura e licitações).
Wald é autor de
diversos projetos importantes que vieram a se tornar leis no Brasil.
Destaques para os projetos da lei civil pública, lei de concessões e da
lei do mandato de segurança, projetos de internacionalização do nosso
mercado de capitais, dos acordos da CVM com a SEC – a United States
Securities and Exchange Commission, que criaram por Instruções
Normativas o Fundo Brasil e Fundos de Conversão, além de consolidar a
legislação sobre a matéria.
Além de ganhar
indicações como o principal advogado do Brasil na área de arbitragem
pela Chambers Global e um dos principais advogados do mundo na área de
arbitragem comercial internacional pelo Who's Who Legal (inclusive na
edição de 2012), o escritório que fundou em 1954, o Wald Associados
Advogados, tem conquistado posições de destaque nos rankings das
melhores bancas brasileiras divulgados pelos anuários Análise da
Advocacia, Chambers Global Chambers Latin America.
Fonte: Migalhas
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